quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A educação física escolar mais valorizada

O grande desafio do educador físico não é somente dos dias atuais. Ele já vem há tempos. O professor de educação física vem lutando bravamente para demonstrar que esta disciplina é tão ou mais importante do que as tradicionais como língua portuguesa, matemática, geografia e história, apenas, listando essas para início de argumentação. A educação física tem papel fundamental no desenvolvimento motor, social e cognitivo das crianças.

Mesmo que seja uma matéria obrigatória, a EFI ainda não tem como obrigação o professor da área, ou seja, nas séries iniciais o unidocente é quem ministra. Acredito que esta seja a luta mais importante da categoria no momento. Não se pode negligenciar a importância de quem estudou, se dedicou anos de sua vida, e que pode produzir um resultado melhor junto à classe de estudantes nesta fase. Lembrando sempre que é nesta faixa etária que o período é o mais apropriado para o desenvolvimento das habilidades motoras.

Remontando a história da educação física na escola no Brasil, esta se iniciou de forma controversa. Algumas iniciações formais foram feitas, mas nenhuma com muita convicção e força. Porém, somente, em 1920, a educação física é inserida através dos estados e ainda popularmente conhecida por ginástica. A princípio, a educação física, quando inserida no currículo escolar, era tida como um momento para a prática da ginástica, com a finalidade de deixar o corpo saudável.

No âmbito de modelos pedagógicos da educação escolar, a educação física esteve presente com o embalo do futebol verde-amarelo. Na era ditatorial, fora adotado o modelo esportivista, visando o tecnicismo. Logo após, como contraponto, surgiu o modelo recreacionista – “rolar a bola” e marcar o tempo – sem ter unanimidade, ou melhor, sem ter sido defendido pelo corpo docente.

Creio que essa pecha ficou encravada por muitos anos no seio da educação física escolar. Para libertar desse rótulo não tem sido fácil. Pois, nos dias de hoje, existe quem ainda utilize desse subterfúgio para garantir as horas trabalhadas na escola. Penso que ainda são poucos, mas infelizmente existem.

Felizmente, novas práticas pedagógicas surgem. São novas abordagens introduzidas no meio escolar, onde se destacam a psicomotricidade, a abordagem desenvolvimentista, a abordagem construtivista-interacionista, a abordagem crítico-superadora, a saúde renovada e, por fim, fala-se dos parâmetros nacionais curriculares. Obviamente, esses enfoques não teriam muitas chances de serem construídos sem a redemocratização brasileira. A educação foi beneficiada com novas concepções acadêmicas e oportunidades de reestruturação dos modelos educacionais, onde a educação física está inserida. Portanto, a valorização da disciplina educação física, juntamente com seus profissionais, tem princípio na década de 80.

Com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e com essas mudanças no pensar da educação física, observou-se a complexidade intrínseca e a natureza científica da mesma. Apresentou-se uma ciência específica e que se relaciona com as outras ciências. Conforme os PCNs, a educação física escola deve ser constituída de três espaços que se comunicam. O primeiro é “jogos, ginásticas, esportes e lutas”; o segundo, “atividades rítmicas e expressivas” e, por fim, “conhecimentos sobre o corpo”.

Nesse momento, não iremos aprofundar no entendimento de cada bloco. Essa será matéria para um novo post.

A Educação Física tem uma vantagem educacional que poucas disciplinas têm: o poder de adequação do conteúdo ao grupo social em que será trabalhada. Esse fato permite uma liberdade de trabalho, bem como uma liberdade de avaliação – do grupo e do indivíduo – por parte do professor, que pode ser bastante benéfica ao processo geral educacional do aluno.

Retomando, com o advento e a introdução de novos princípios pedagógicos, a educação física na escola recebe uma nova roupagem. Vai perdendo aos poucos o status do tempo de lazer, tempo de trégua, do rola a bola, enfim, dessas rotulações depreciativas. Destarte, o educador físico passa a ter papel importante dentro dos muros escolares e não apenas do disciplinador, do quebra-galho e de tantas outras funções que não seriam somente exclusividade sua. Por outro lado, a comunidade acadêmica, com seus profissionais, obtiveram ganhos. A sociedade organizada pode usufruir destes avanços específicos. Ao insurgir contra o título de “disciplina menor” entre seus pares de docência escolar ou do simples entregar a “bola”, a EFI teve direito a conquistar o seu devido reconhecimento e respeito, vindo a ocupar o seu espaço dentro do meio estudantil.

Com o aprofundamento de estudos científicos na área, em condições melhoradas em relação à outrora, pode ser oferecido – resguardado as devidas proporções – o que há de melhor em seu conteúdo. A valorização do professor e da instituição escolar gera acesso aos conhecimentos da cultura corporal de movimento para os alunos e cria uma atmosfera propícia no palco da transmissão de conhecimento e do saber.

Conclamo a todos, refletir acerca do ensino da educação física escolar. É preciso que seja multiplicado estas contendas não só em meios escolares, mas por toda a sociedade, para que todos entendam a importância dessa disciplina para seus filhos. A lutar pela inclusão do professor de educação física nas séries iniciais.

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