O presente trabalho, de Maria Fernanda Telo Ladeira e Suraya Cristina Darido, tem como escopo analisar como a disciplina de educação física se comporta - no momento que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o Ensino Médio a insere – na área das linguagens, códigos e suas tecnologias. Baseadas em obras já publicadas sobre o tema, entrevistas com professores universitários que já tenham manifestações, de alguma forma, que permeassem o tema, as autoras buscaram desvelar este fenômeno.
Na introdução, as autoras apresentam preocupação como o assunto vem sendo pouco explorado na área da pesquisa quando relacionados a educação física às linguagens. Quando são, conforme estas, contém uma atitude pouco sólida.
Expõem que a educação física constar no bojo da área não pode ser considerado como uma incoerência; tampouco, uma novidade. Ladeira e Darido ensinam: “Na década de 70 foram lançados os guias curriculares que já incluíam a Educação Física na área de comunicação e expressão e considerava a ‘utilização do próprio corpo como meio de comunicação e expressão’”. Como podemos observar, ela já estava inserida na comunicação e expressão.
No texto, a educação física, em relação aos PCNs, “têm a intenção de sugerir formas de atuação que proporcionarão o desenvolvimento da totalidade dos alunos”. Mais em frente, apresenta o intento de dilatar pelo menos esta aptidão a de tornar possível a compreensão das diversidades culturais corpórea, ressaltando as singularidades dos conteúdos e resultados aos alunos do ensino médio que a disciplina provoca.
Ao adentrar no campo da linguagem propriamente dito - não que até o presente não tivesse sido abordado - as pesquisadoras se apoiam em Faraco. Discorrem sobre o assunto, como esta se articula e como atua. Como ela se apresenta e como é interpretada.
A problematizar relações na linguagem se faz necessário perpassar pela semiótica, uma vez que, esta é a ciência encarregada de estudar todo e qualquer tipo de linguagem. Conforme a pesquisa, sabido e consabido, à semiótica cabe investigar os elementos relacionados aos signos, aos ícones, aos sinais, aos símbolos e às suas dicotomias, como a conotação e a denotação, por exemplo.
Seguindo, a linguagem corporal é acostada; no caso em tela, se faz de extrema importância conhecer os seus conceitos para se apropriar de suas significações para um melhor entendimento nas questões de importância e objetividade da educação física enquanto saber inserido na área. De forma sucinta, pode se observar que Ladeira e Darido, ao evocar Mesquita (1997), entendem neste formato. “Emitir, receber e perceber os sinais não verbais são processos independentes, ou seja, ocorrem sem que se tenha consciência do que está acontecendo. Estes processos, portanto, são naturais, mas podem se tornar habilidades”. Desta forma, conforme o texto, observa-se que a relação emissário, mensagem, receptor está constituída na formação do profissional.
Adiante, com a educação física e linguagem, neste ponto, o estudo demonstra que fortemente, se não de configuração absoluta, a educação física é detentora da linguagem não verbal, ou seja, a comunicação corporal, através das mais diversas manifestações do corpo, torna-se presente. “Na perspectiva da reflexão da cultura corporal, a expressão corporal é uma linguagem, um conhecimento universal, patrimônio da humanidade que igualmente precisa ser transmitido e assimilado pelos alunos na escola. A sua ausência impede que o homem e a realidade sejam entendidos dentro de uma visão de totalidade”. Sendo a educação física o estudo do corpo em movimento, nada mais inquestionável do que estas ações são intrínsecas da linguagem não verbal.
A metodologia de pesquisa, como anteriormente referido, pautou-se em revisão da literatura (linguagem, linguagem não verbal e educação física escolar), entrevistas semi-estruturadas com professores especialistas da área, que em seus textos abordaram alguma questão básica sobre linguagem, ainda que não diretamente relacionada à educação física escolar. Nos resultados e discussão, nota-se que, apesar de apenas dois de forma mais consistente dos três entrevistados, além dos outros dois que não puderam responder, trazerem opiniões sobre o tema, o resultado percebido que a área é pobre em estudos e muito mais deve ser realizado.
Ao final, segundo o artigo, fica claro que o processo de comunicação é estabelecido através do corpo, ou seja, a utilização da linguagem não verbal. Ladeira e Darido demonstram preocupação com o tema, pois analisaram que é uma abordagem complexa e necessária para o avanço e desenvolvimento da educação física. Ainda, se fazem necessários mais pesquisas que abordem sobre estes estudos.
De forma concisa, as autoras nos presenteiam com um tema, num primeiro momento, intrigante e que, até segunda ordem, desconexo. Para muitos, quando nos deparamos com a educação física embutida na área das linguagens, códigos e suas tecnologias, logo pensam que só poder ser uma sandice quem a incluiu destarte nos PCNs. Ao se aprofundar no tema e destrinchar, através da semiologia, as inquietações que este assunto carrega, as autoras analisam e descrevem, de forma ímpar, como este fenômeno se torna possível. Com pouco tempo de leitura, já nos tornamos aptos a verificar quais são os aspectos que tornam a nossa área como algo nativo às linguagens.
Creio que não há o que discordar quando assim se apresenta a comunicação não verbal como meio inexorável à educação física. Esta é corpo em movimento, sendo assim, a sua vocalização não é necessária. O corpo fala por si só.